Aos Poetas Inocentes com carinho

A indústria cultural sem dúvida é, nos dias de hoje, um empreendimento muito grande, que cresce a cada dia, fundamental para o crescimento econômico do país. O setor empresarial cada vez mais se equipa para criar oportunidades para as comunidades de norte a sul. Percebe-se que a arte hoje não pode ser mais vista como um artigo de luxo, mas como um novo caminho, uma fonte geradora de recursos e empregos, um campo fomentador de dons e talentos.

Neste campo, o ser humano pode fazer a leitura de si mesmo, melhorar o entendimento do contexto histórico, aprimorar o vocabulário e desenvolver suas inteligências. Fazer arte é cuidar das necessidades da alma, porque ela tem uma linguagem viva. Por isso lemos uma poesia escrita há mais de um século e nos emocionamos. Ela é capaz de dar nome e imagem ao nosso pensar mais difícil e promover encontros de diferentes prismas de vida e de mentes. A humanidade sem arte é como um beija-flor sem flor; partida de futebol sem bola; rádio sem som, televisão sem imagem, namoro sem beijo, sala de aula sem professor, escola sem gente, vida sem inclusão, vida sem opção, mundo sem criação. Sem arte não há educação, tampouco política, não há família, não há nação. Por isso a arte é a ferramenta educativa por excelência. Nela, conjugam-se seus temores e suas esperanças.Em 2000, o poeta e educador Gerson Lourenço começou a sonhar com um mundo que valoriza a cultura.

Foi chamado de visionário, de “sonha-a-dor” das ilusões. “Quem vive de arte ou de cultura?” Lembrou-se de sua infância, da fase dos porquês, da capacidade de elaborar perguntas, de um jovem de inteligência brilhante e de sensibilidade acurada. Deixou a segurança do estaleiro e, como um navio, se lançou ao mar em busca de tudo que pode viver nele: tristezas e alegrias. Ele tinha um compromisso com a vida.

No mesmo ano, deu à luz o projeto Poetas Inocentes com objetivo de apoiar a escola a incentivar cada aluno na construção do seu próprio conhecimento, através da leitura e da composição de textos poéticos, de letra de músicas, bem como a ilustração destes textos. A proposta surgiu da necessidade de se criar um espaço que, além de reunir professores e alunos, realize debates, atue como centro de informação e criação e promova parcerias com instituições ligadas à educação e à cultura. O projeto trocou seus primeiros passos com um festival de música em prol da paz, na escola Genésio de Almeida Moura. Do festival foram selecionadas quatro músicas de alunos e gravadas em um cd com o nome de “O Sino da Catedral”, como também um desenho ilustrado para a capa e contra-capa do cd. Foi um grande aprendizado.

Aquele menino Gerson não se limitou a esperar apenas uma mudança de atitude das pessoas. Em 2006, já com mais experiência, o projeto Poetas Inocentes lançou um concurso de poesias, resultando assim, na edição e publicação do livro “Poetas Inocentes”, vol. I, além da criação de um coral com alunos da E. E Republica do Chile com o qual gravou uma música em homenagem ao dia do professor. O caráter inclusivo do projeto reside na difusão e na criação da arte no seio da sociedade através da ação educativa e cultural nas escolas. Neste período, o projeto ampliou suas ações. Desenvolveu um curso de capacitação do corpo docente através de palestras, oficinas e apresentações teatrais. Nossas práticas enfatizaram a importância da arte para o crescimento pessoal, interpessoal e profissional da comunidade escolar. O projeto ainda contou com o apoio da comunidade escolar e dos comerciantes do bairro. Foi um sucesso, mas queríamos mais.

Em 2007, lançamos o segundo volume do livro “Poetas Inocentes” alimentado pelas poesias, crônicas e poemas dos alunos do ensino fundamental à pós-graduação. Esse empreendimento artístico dos alunos rendeu mais que holofotes durante as apresentações em universidades; gerou uma cachoeira de auto-estima, cidadania, educação e cultura. As crianças se sentiram valorizadas. Sentiram que as instituições as vêem como gente.

Por isso a formação dos professores deve merecer uma atenção especial, incluindo os aspectos psicológicos, políticos, filosóficos, artísticos, técnicos, comportamentais e humanísticos. Ao projeto Poetas Inocentes cabe ajudar o professor a escutar as metáforas, que sempre carregam o sinal do inconsciente, a dialogar com seu mundo interior, pois a linguagem artística ajuda o homem a descobrir quem ele é, a entrar em seu próprio paraíso e, em seguida, oferecer um pouco desse paraíso à humanidade, visto que a escola continua a ser o melhor lugar para a reflexão, para o pensamento e para a reinvenção da política. No projeto Poetas Inocentes cada escola parceira é um centro de informação e comunicação, incentivador de ações voltadas para o fazer artístico, para a apreciação estética, para reflexões e leituras mais esperançosas da vida. Pois nossa inocência não é sinônimo de ignorância, mas de anônimos que desejam fazer a diferença na vida, na história de modo criativo e consciente.O trabalho não é fácil, mas é gratificante.

Em 2008, por exemplo, estaremos na Bienal com o terceiro volume do livro “Poetas Inocentes.” Durante o ano inteiro oferecemos às escolas a possibilidade do professor trabalhar com a arte em suas aulas e aos alunos a possibilidade de expressão e visibilidade dos seus trabalhos, ultrapassando a barreira do “derrotismo”. Nossos associados e o público em geral têm em suas mãos cursos, saraus, concursos e palestras que vão transformar suas vidas, incentivar o pensar, a imaginação, as inteligências, um novo jeito de ser, estar e agir no mundo.Estamos abertos para acolher os criadores de arte, pois ela é um direito de todo cidadão, é alimento para a alma. Acreditamos que a sensibilidade de cada criador de arte anônimo pode mudar conscientemente o rumo da história. Acredite, porque você também é um criador de arte.

Gilberto Campos de Oliveira é professor de Filosofia e Secretário da OBRACAA – Organização brasileira dos criadores de artes anônimos
Aos Poetas Inocentes com carinho

A indústria cultural sem dúvida é, nos dias de hoje, um empreendimento muito grande, que cresce a cada dia, fundamental para o crescimento econômico do país. O setor empresarial cada vez mais se equipa para criar oportunidades para as comunidades de norte a sul. Percebe-se que a arte hoje não pode ser mais vista como um artigo de luxo, mas como um novo caminho, uma fonte geradora de recursos e empregos, um campo fomentador de dons e talentos.

Neste campo, o ser humano pode fazer a leitura de si mesmo, melhorar o entendimento do contexto histórico, aprimorar o vocabulário e desenvolver suas inteligências. Fazer arte é cuidar das necessidades da alma, porque ela tem uma linguagem viva. Por isso lemos uma poesia escrita há mais de um século e nos emocionamos. Ela é capaz de dar nome e imagem ao nosso pensar mais difícil e promover encontros de diferentes prismas de vida e de mentes. A humanidade sem arte é como um beija-flor sem flor; partida de futebol sem bola; rádio sem som, televisão sem imagem, namoro sem beijo, sala de aula sem professor, escola sem gente, vida sem inclusão, vida sem opção, mundo sem criação. Sem arte não há educação, tampouco política, não há família, não há nação. Por isso a arte é a ferramenta educativa por excelência. Nela, conjugam-se seus temores e suas esperanças.Em 2000, o poeta e educador Gerson Lourenço começou a sonhar com um mundo que valoriza a cultura.

Foi chamado de visionário, de “sonha-a-dor” das ilusões. “Quem vive de arte ou de cultura?” Lembrou-se de sua infância, da fase dos porquês, da capacidade de elaborar perguntas, de um jovem de inteligência brilhante e de sensibilidade acurada. Deixou a segurança do estaleiro e, como um navio, se lançou ao mar em busca de tudo que pode viver nele: tristezas e alegrias. Ele tinha um compromisso com a vida.

No mesmo ano, deu à luz o projeto Poetas Inocentes com objetivo de apoiar a escola a incentivar cada aluno na construção do seu próprio conhecimento, através da leitura e da composição de textos poéticos, de letra de músicas, bem como a ilustração destes textos. A proposta surgiu da necessidade de se criar um espaço que, além de reunir professores e alunos, realize debates, atue como centro de informação e criação e promova parcerias com instituições ligadas à educação e à cultura. O projeto trocou seus primeiros passos com um festival de música em prol da paz, na escola Genésio de Almeida Moura. Do festival foram selecionadas quatro músicas de alunos e gravadas em um cd com o nome de “O Sino da Catedral”, como também um desenho ilustrado para a capa e contra-capa do cd. Foi um grande aprendizado.

Aquele menino Gerson não se limitou a esperar apenas uma mudança de atitude das pessoas. Em 2006, já com mais experiência, o projeto Poetas Inocentes lançou um concurso de poesias, resultando assim, na edição e publicação do livro “Poetas Inocentes”, vol. I, além da criação de um coral com alunos da E. E Republica do Chile com o qual gravou uma música em homenagem ao dia do professor. O caráter inclusivo do projeto reside na difusão e na criação da arte no seio da sociedade através da ação educativa e cultural nas escolas. Neste período, o projeto ampliou suas ações. Desenvolveu um curso de capacitação do corpo docente através de palestras, oficinas e apresentações teatrais. Nossas práticas enfatizaram a importância da arte para o crescimento pessoal, interpessoal e profissional da comunidade escolar. O projeto ainda contou com o apoio da comunidade escolar e dos comerciantes do bairro. Foi um sucesso, mas queríamos mais.

Em 2007, lançamos o segundo volume do livro “Poetas Inocentes” alimentado pelas poesias, crônicas e poemas dos alunos do ensino fundamental à pós-graduação. Esse empreendimento artístico dos alunos rendeu mais que holofotes durante as apresentações em universidades; gerou uma cachoeira de auto-estima, cidadania, educação e cultura. As crianças se sentiram valorizadas. Sentiram que as instituições as vêem como gente.

Por isso a formação dos professores deve merecer uma atenção especial, incluindo os aspectos psicológicos, políticos, filosóficos, artísticos, técnicos, comportamentais e humanísticos. Ao projeto Poetas Inocentes cabe ajudar o professor a escutar as metáforas, que sempre carregam o sinal do inconsciente, a dialogar com seu mundo interior, pois a linguagem artística ajuda o homem a descobrir quem ele é, a entrar em seu próprio paraíso e, em seguida, oferecer um pouco desse paraíso à humanidade, visto que a escola continua a ser o melhor lugar para a reflexão, para o pensamento e para a reinvenção da política. No projeto Poetas Inocentes cada escola parceira é um centro de informação e comunicação, incentivador de ações voltadas para o fazer artístico, para a apreciação estética, para reflexões e leituras mais esperançosas da vida. Pois nossa inocência não é sinônimo de ignorância, mas de anônimos que desejam fazer a diferença na vida, na história de modo criativo e consciente.O trabalho não é fácil, mas é gratificante.

Em 2008, por exemplo, estaremos na Bienal com o terceiro volume do livro “Poetas Inocentes.” Durante o ano inteiro oferecemos às escolas a possibilidade do professor trabalhar com a arte em suas aulas e aos alunos a possibilidade de expressão e visibilidade dos seus trabalhos, ultrapassando a barreira do “derrotismo”. Nossos associados e o público em geral têm em suas mãos cursos, saraus, concursos e palestras que vão transformar suas vidas, incentivar o pensar, a imaginação, as inteligências, um novo jeito de ser, estar e agir no mundo.Estamos abertos para acolher os criadores de arte, pois ela é um direito de todo cidadão, é alimento para a alma. Acreditamos que a sensibilidade de cada criador de arte anônimo pode mudar conscientemente o rumo da história. Acredite, porque você também é um criador de arte.

Gilberto Campos de Oliveira é professor de Filosofia e Secretário da OBRACAA – Organização brasileira dos criadores de artes anônimos