MANIFESTO CAUILINISTA

Caríssimos, Venho, por meio desta carta, informar a criação do manifesto literário denominado Cauilinismo como também angariar junto aos senhores e senhoras conhecedores e conhecedoras da nossa literatura e política nacional e internacional ideias, sugestões, participações para a construção de tal documento. Este se baseará em teorias que nos reportarão a um passado longínquo como no início da criação do mundo e, também, ao momento atual e a um futuro ainda mais caótico caso não tomemos uma posição artística e literária engajada aos problemas de cunho político, social, moral, cívico, econômico, educacional e cultural. Todos se tornaram efêmeros, sem valor, desprezíveis frente ao que presenciamos durante séculos. São quinhentos anos de um Brasil de promessas e nada de arremessos a nossa messe farta de uma educação, cultura, política, segurança e saúde pública igualitária a todos os cidadãos deste país ou planeta. O caos está instalado. O câncer Cabralístico alastrou-se ao corpo inteiro. Não corre mais o sangue casto às veias de nossa história falseada, corrompida e esmagadora. Diogo Cão informou ao Rei Dom Manuel, o venturoso, a santa terra passiva e, desta vez, o plebeu do mapa evaporou-se. Cabral, o Fidalgo do Rei, apossou-se do achado alheio. Aqui, implantou o caos, o algoz que, cá entre nós, reina e reina sobre toda a Terra Santa e passiva e omissiva prole sem nenhuma bravura. Cadê o povo heroico, de brado retumbante cantarolado nas ruas, nas escolas, nos campos de futebol ou qualquer em lugar que se comemora alguma coisa? Cadê o penhor dessa igualdade que conquistamos ao braço forte? Cadê o país do futuro, o do verde, o do branco, o do azul ou amarelo? Cadê o ouro, cadê o nosso pau-brasil, cadê o nosso índio, a nossa Língua Tupi-Guarani? Cadê a democracia cantarolada nos palcos? Democracia é morrer com classe? É passar fome com classe? É não ter educação com classe? É ser embrulhado, amarrotado, desumanizado com classe? É isso democracia? É ser levado a crer nessa ideia, nessa sensação de liberdade, mas morrer com uma bala perdida na esquina da rua, na esquina de sua casa, na esquina de teu carro, de tua escola, de teus sonhos prometidos a cada eleição? Não queremos direitos subjetivos! Queremos o sujeito concreto, não o abstrato, o substrato, a esmola! Queremos comida boa, não a ideia de comida no prato. Queremos educação que liberta, não uma educação que aprisiona, que aliena, que deixa pequeno a mais pequena a alma! Queremos justiça justa, não a justiça que mata e que condena o inocente menos aculturado, menos apoderado e fracassado! Não queremos essa democracia que nos alicia, dando a sensação de liberdade, mas que põe uma corda ao nosso pescoço e nos enfoca a qualquer hora. Caríssimos, convido-os a participarem comigo da elaboração deste manifesto Cauilinístico! Queremos um verde e amarelo para todos, não somente para alguns poucos? Queremos a explosão Bigbandiana que, no seu cerne, pode restaurar uma nova órbita. Queremos a destruição do modelo democrático indireto para uma democracia direta, verdadeira, real! Esse modelo pobre não serve mais! Essa democracia nunca serviu para nós! Serviu para os nós cravados em nós escravos livres. Mas livres de quê? Da senzala? Na verdade, nunca nos libertaram da senzala. Libertaram-se de nós e a nós bem cravados nos amarram e nos deixaram com uma sensação de liberdade! Constituíram uma constituição e deram-nos o direito de ir e vir? Mas pra onde? Queres comer, pois coma do teu próprio suor! Podes entrar em qualquer restaurante, em qualquer escola, em qualquer hospital sem dinheiro, sem prestígio, sem predileção? Deram-nos a corda e nos ajudaram a colocar no pescoço para nos enfocar, mas o problema é nosso, porque somos livres? Não queremos uma ideia de democracia do DEMO, mas uma neodemocracia que trata todos como iguais! Não uma democracia que trata os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, como à George Orwell! Não queremos ser controlados pelas Leis de Joseph Goebbels. Precisamos construir um novo mundo em que a verdade seja uma verdade única e para todos! Não verdades compradas e mascaradas! Não verdades arquitetadas e ancoradas por juízes corruptos. Destruamos esse modelo e construamos outro. A fênix morre e renasce das cinzas. O câncer precisa ser eliminado do corpo doente, para depois ressurgir, nascer das cinzas um novo corpo sadio e livre de todas as amarras portuguesas. Nosso país precisa dessa operação cirúrgica para eliminar o câncer maligno! Nossa órbita não pode ser mais fruto das caravelas de assassinos, de estupradores, de embusteiros, de egoístas que em nome de interesses próprios, dos interesses de sua família, de sua algibeira, dizem amém a tudo. Deve ser, portanto, um lugar em que o sol brilha para todos, não um sol artificial, subjetivo, como é o caso da nossa constituição, da nossa educação, da nossa política que reza uma coisa, mas na realidade acontece outra. A escola diz incluir, mas o que acontece com a criança, com o jovem ou com o adulto dentro dessas escolas cheias até a tampa de almas penadas? Nessa escola inclui o filho do presidente, do governador, o filho do deputado, do prefeito, do vereador, do empresário? Não. E por que não? Porque existe uma escola pros mandatários. A escola dos ricos não inclui, ela flui. Eu estou farto desse lirismo, desse fascismo. Eu tenho sede de uma boa educação, de uma boa comida, de uma boa água, de um bom espaço de lazer, de um espaço cultural acessível a todos de forma concreta, não somente aquele do papel imundo que admite tudo. Para tanto, abriremos as asas rumo à liberdade. Conforme a teoria do caos que afirma que “um simples de bater de asas de uma borboleta no Brasil pode causar um terremoto no Japão”. Devemos ser então essa asa de borboleta, essa fênix e ser esse ser transformador, metamorfósico capaz de renascer das cinzas e de casulos. O universo está contaminado e denso, precisamos romper com essas amarras que destroem o homem, a natureza, a arte, a poesia, a literatura, a educação, a ciência, a filosofia, o esporte e o processo para construirmos um novo horizonte. Um horizonte em que todos sejam tratados como seres humanos e não como animais jogados à própria sorte. A palavra deverá ancorar-se no seu valor de potência máxima de verdade, não um jogo de pingue-pongue. Um fio de palavra, um fio de barba, um fio de gota de sangue, um fio de vida, um fio de caneta deverá ter validade vitalícia, não efêmera como estamos assistindo. O manifesto Cauilinístico ancora-se em teorias como a do caos e a do The Big Band como base de criação e caracterização de nossa produção artística e literária. Dessa forma, essa visão artístico-literário-político-educacional construirá uma arte engajada na construção de uma nova democracia em que realmente o povo tenha seus direitos e deveres cumpridos objetivamente e não subjetivamente. Diante disso, somente a junção das jerarquias fará com que o objetivo comum tenha êxito. Nessa perspectiva, a arte cauilinística se apoiará na palavra, na linguagem, na tinta, na massa, no barro, no ferro, na madeira, no aço lapidado e soldado de forma a ter consistência, concretude, durabilidade, confiabilidade, imagética, criativa e dom-quixotiana. Assim sendo, toda produção humana deve basear-se no compromisso com a durabilidade, com a honestidade e uma nova-democracia de direito real, concreto e substantio. Em suma, a arte, a literatura, a poesia, o romance, a nova-democracia devem ser possíveis a todos e construídos numa base sólida e de concretude visível nas suas ruas, nas praças, nas escolas, nos hospitais e em cada rosto humano. Para tanto, o que se pergunta e o que se quer neste manifesto é uma poesia que traga um modelo de arte engajada com a cultura, educação de boa qualidade e libertadora, segurança igualitária a todos, etc. Gerson Lourenço Poeta, Mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP